International Journal of Cardiovascular Sciences. 01/nov/2017;30(6):545-9.

Taquicardiomiopatia e Oxigenação Extracorpórea por Membrana: a Propósito de um Caso

Joana Malheiro, João Almeida, Daniel Caeiro, Adelaide Dias, Marlene Fonseca, Vasco Gama

DOI: 10.5935/2359-4802.20170079

Introdução

A Taquicardiomiopatia (TCM) é uma causa rara, mas potencialmente reversível, de miocardiopatia e choque cardiogênico. É definida por disfunção sistólica global do ventrículo esquerdo secundária a uma taquiarritmia persistente, com recuperação parcial (em doentes com cardiopatia estrutural prévia) ou total (em doentes sem doença estrutural prévia), após normalização do ritmo cardíaco. A arritmia mais comumente implicada é a fibrilação auricular. As alterações hemodinâmicas que caracterizam o doente com TCM incluem: aumento dos volumes telediastólico e telessistólico ventriculares, hipocinesia global, aumento das pressões de enchimento ventricular e da artéria pulmonar, e, por fim, diminuição da Fração de Ejeção (FE)., Manifesta-se clinicamente por um quadro de insuficiência cardíaca congestiva, podendo, em alguns casos, evoluir para choque cardiogênico. Não existem métodos específicos para identificar a presença de TCM. Normalmente, o diagnóstico é feito retrospectivamente com normalização ou a melhoria da disfunção ventricular esquerda, por meio da reversão ou do controle da taquiarritmia. As complicações mais frequentes da TCM são eventos embólicos, complicações pela evolução da gravidade da arritmia com degeneração para Taquicardia Ventricular (TV)/ Fibrilação Ventricular (FV) e choque cardiogênico. O tratamento inclui medidas de suporte hemodinâmico, controle de frequência e reversão a ritmo sinusal, quando possível. A Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO) é um dispositivo mecânico, que permite garantir a oxigenação sanguínea e a perfusão de órgãos nobres, por períodos prolongados de tempo, em doentes com falência pulmonar e/ou cardíaca. A utilização deste dispositivo permite manter o doente vivo e hemodinamicamente estável, servindo como ponte para uma eventual recuperação, para transplante, para tomada de decisão ou até como “ponte para outra ponte” (por exemplo, como ponte para LVAD como terapêutica de destino). No choque cardiogênico de etiologia potencialmente reversível, esta medida pode ser lifesaving, uma vez que assume temporariamente a função cardíaca, durante a fase refratária, intrínseca e reversível do choque cardiogênico, até sua recuperação, minimizando o esforço miocárdico, melhorando a perfusão de órgãos e preservando a função renal. Os autores descrevem um caso de uma doente com choque cardiogênico secundário à TCM em que o uso de ECMO foi preponderante para sua evolução.

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Taquicardiomiopatia e Oxigenação Extracorpórea por Membrana: a Propósito de um Caso

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