International Journal of Cardiovascular Sciences. 01/nov/2017;30(6):550-3.
Hipercolesterolemia Familiar: a Importância do Diagnóstico e Tratamento Precoces
DOI: 10.5935/2359-4802.20170077
Introdução
A Hipercolesterolemia Familiar (HF) é uma doença hereditária autossômica dominante, sendo uma doença genética do metabolismo das lipoproteínas, principalmente por defeito do gene LDLR que codifica o receptor de LDL.– O diagnóstico é estabelecido por critérios clínicos e laboratoriais devendo sempre ser hipótese diagnóstica em pacientes com níveis de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDLc) superiores a 190mg/dL; e pode ser confirmado por testes genéticos que determinam a mutação., Alguns critérios diagnósticos têm sido propostos na tentativa de uniformizar e formalizar o diagnóstico de HF, como por exemplo, os da Dutch Lipid Clinic Network (Dutch MEDPED).
Neste calcula-se uma pontuação para o paciente baseado em dados de anamnese e exames físico e laboratoriais tais como taxas elevadas de LDLc; características como xantomas tendinosos e arco corneano; história clínica e familiar de hipercolesterolemia e/ou doença arterial coronariana precoce (homem < 55 anos e mulher < 60 anos) e identificação de mutações genéticas., A pontuação determina a probabilidade de um Diagnóstico HF como HF possível, provável ou definitivo. A mutação mais comum relacionada à HF está no gene que codifica o receptor da LDL, resultando em receptores de LDL com reduções funcionais em sua capacidade de remover LDLc da circulação. Existem dois fenótipos distintos: a forma homozigótica, onde são herdados dois genes defeituosos e os receptores de LDL não tem funcionalidade; forma rara, 1 em 1 milhão de indivíduos e observam-se níveis de LDLc > 650 mg/dL; e a forma heterozigótica, onde um gene defeituoso para o receptor de LDL é herdado de um dos pais e um gene normal, do outro. A ausência de um gene funcional causa aumento no nível plasmático de LDLc; forma mais frequente, acomete 1 em 500 indivíduos com níveis de LDLc >200mg/dL. A forma homozigótica tende a apresentar acometimento cardiovascular já na infância. A mutação também pode ser secundária a defeitos no gene APOB que codifica a apolipoproteína B100, ou por mutações com ganho de função no gene pró-proteína convertase subutilisina/kexina tipo 9 (PCSK-9),, Nos pacientes com HF heterozigótica as partículas de LDL circulam por mais tempo, estando mais sujeitas a oxidação e transformações químicas que resultam na alta captação de LDL modificado por macrófagos, deflagrando mecanismos pró-aterogênicos, tendo como consequência aterosclerose, doença arterial coronariana e doença arterial periférica. As terapias nutricionais, medicamentosa e exercícios físicos regulares auxiliam no controle dos níveis de LDL e prevenção de doença cardiovascular.– Recomenda-se diminuição da ingestão de alimentos ricos em colesterol e ácidos graxos saturados.– A terapia farmacológica é feita com estatinas de alta potência, como Atorvastatina (10-80mg) e Rosuvastatina (10-40 mg), visando obter redução maior que 50% do nível basal. Em pacientes intolerantes a estatina poderá ser feito terapia com outros hipolipemiantes, como ezetimiba, niacina ou colestiramina; as quais também poderão ser combinadas entre si, em pacientes maus respondedores a terapia isolada com estatinas., A terapia medicamentosa deverá ser prescrita individualmente e ser mantida em longo prazo, com seguimento médico regular, com avaliação de enzimas hepáticas (TGO/TGP) e musculares (CPK)., É recomendado rastreio com perfil lipídico em todos os indivíduos acima de 10 anos de idade e em todos os parentes de primeiro grau dos indivíduos diagnosticados como portadores de HF. Na presença de fatores de risco, sinais clínicos de HF ou doença aterosclerótica, o perfil lipídico deve ser considerado a partir de 02 anos de idade.
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Palavras-chave: Doença Arterial Periférica; Aterosclerose; Indice Tornozelo-Braço; Hipercolesterolemia Tipo II
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